quarta-feira, 9 de abril de 2014

O Demônio do Meio-dia


Sua chegada é quase sempre silenciosa, imperceptível.
O cabelo cai, a pele perde o viço, o brilho some do olhar...
É só cansaço, você pode dizer.
Mas calma, não pára por aí...

O sono se torna um traidor, aparece quando não deve e some quando se precisa dele.
A fome? Bom, no meu caso ela some completamente.
E então além do cabelo fraco, da pele feia e do olhar apagado, eu também fico magra.
Magra não, muito magra... magra e pálida, como um cadáver.
Mas eu não sou um cadáver.
Não ainda.
Apesar de me arrastar como uma sombra e só sair da cama porque enfim sou obrigada...

Minha mãe me dá umas sacudidas, me força a me olhar no espelho e ver no que eu estou me transformando.
E então eu a vejo, ali, ao meu lado...
Uma velha conhecida (atentem bem, não amiga, muito menos querida).
Mais uma vez ela está aqui.
Mais uma vez ela veio sem ser chamada nem desejada.
E mais uma vez eu vou ter que mandá-la embora, mesmo sabendo como ela é teimosa e como vai aparecer novamente quando eu menos esperar...

Mas não posso deixá-la ficar nem me acostumar com sua presença.
Tenho que lutar. Sempre.

Me passe a Sertralina, por favor.