quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

É errado querer?

Um curso superior de turno integral, um trabalho, um marido, uma mãe idosa de saúde frágil e dois filhos pequenos...
... e às vezes eu não consigo me ver como uma boa aluna, profissional, esposa, filha e mãe...
...às vezes as pessoas me dizem isso, principalmente nos quesitos filha e mãe...
...às vezes eu penso que não vou aguentar, que vou ter que abrir mão de algum desses aspectos...
...às vezes, muitas vezes, as pessoas me chamam de egoísta, me acusam de querer muito...
Mas o que as pessoas não sabem (só quem vive comigo é que sabe) é que eu quero muito mais, que eu já abri e continuo abrindo mão de muita coisa, principalmente por causa (não por culpa) da minha mãe e dos meus filhos.
Não entendem que se eu não estudar, eu não vou ter um bom trabalho; se eu não tiver um bom trabalho, eu não vou poder ajudar o meu marido a sustentar a casa (depender exclusivamente dele não é opção) e dar uma vida mais confortável para minha mãe e para meus filhos.
E eu não me arrependo de nenhuma das minhas escolhas, não me arrependo do meu curso, do meu trabalho, do meu casamento (que, diga-se de passagem, é o meu refúgio), de ter minha mãe morando comigo, de ter tido os meus filhos (ainda quero mais um!)...
Eu sei que nem sempre eu faço o melhor, mas eu sempre faço o melhor que eu posso; pode não ser suficiente (nem sempre é, para muitas pessoas nunca é e nunca vai ser), mas é o meu melhor.
É pouco? Talvez... mas eu ainda sou humana, gente...

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Flores...

...ele desligou.
Ela então guardou o celular e desceu para esperá-lo.
Ele disse que chegaria logo e que ela o esperasse no lugar de sempre...mas ela não o esperou. Não hoje. Queria um lugar novo para encontrá-lo.
Então ela escolheu a pracinha florida que ficava perto dali. Uma praça linda, pontilhada de cores e perfumes, um deleite para os sentidos.
E cruel com as pernas.
A praça não tinha banco. Nem batentes, nada. Nenhum lugar para sentar ou encostar.
Ela considerou sentar no chão, afinal estava de shorts, não ia mostrar nada que não devesse. Mas desistiu. Achou que ia ficar muito estranha ali, sentada no chão, no meio da praça.
E resolveu ser estranha em pé mesmo, parada no meio da praça, fazendo nada.
Olhou o relógio, achou que ele estava demorando e pegou um livro na mochila, para se distrair enquanto ele chegava.
Era no mínimo intrigante vê-la ali, em pé, com sua camisa florida, mochila nas costas e livro nas mãos. Bem no meio da praça e das flores.
Frequentemente levantava os olhos do livro para ver se ele estava chegando.
Frequentemente fechava o livro e dava um passo em direção a rua, pois imaginava ter visto o capacete prata estilo piloto de caça.
E frequentemente dava um passo para trás e reabria o livro as constatar que se confundira, aquele capacete era azul, o outro era preto, o outro era cinza...
Até que ela o viu, o capacete prata, a jaqueta... agora era ele!
Ela desceu para a rua, colocou o próprio capacete (que ele trouxe, claro) e subiu na garupa da moto.
E foi embora, levando o sol nos olhos, o livro na mochila e as flores na camisa.