sábado, 18 de maio de 2013

Vamos nos permitir... e nos assumir também.

Todos os dias, durante a nossa vida inteira, nós passamos por pequenas mudanças.
Todos nós.
E chega um momento que, todas as pequenas mudanças, juntas, formam uma grande mudança, às vezes tão grande que até parecemos outra pessoa.
E somos mesmo.
Em alguns casos (na maioria deles), pessoas melhores.
E quando chega esse momento temos dois caminhos à nossa frente: fazemos de conta que nada aconteceu, sufocamos essa nova atitude frente ao mundo e continuamos representando o mesmo papel de sempre, nos acovardando diante de todos os riscos que ser outra pessoa pode nos trazer; ou então tomamos posse da nossa própria vida, assumimos para o mundo inteiro quem somos, sem representações e enfrentamos os riscos, os narizes torcidos, os julgamentos (e condenações) de quem também muda todos os dias mas nunca teve coragem de assumir.
Eu resolvi parar de ser covarde...
E eu fui por muito, muito tempo.
Agora peguei minha vida nas mãos e vou viver tudo o que essa nova condição me trouxer, de bom ou de ruim.
Não vou parar de mudar, acho que só quando eu morrer (ou não).
Mas vou assumir cada mudança, afinal, o que é de verdade, sempre vai estar aqui.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Peregrina de mim mesma...

Finalmente começando a sair do confinamento onde eu mesma me coloquei... precisava disso, me encarar de frente, sem máscaras, sem atenuantes... e quando me obriguei a fazer isso, não me encontrei... percebi que eu não sabia quem eu era. Quem sou eu?
Começando do começo, fui uma criança curiosa, articulada e danada, como toda criança saudável que eu conheço (minha filha é assim, graças a Deus), mas cresci ouvindo que isso e tudo o que eu era estava errado e que se eu continuasse assim, ninguém ia gostar de mim... então eu tinha que fazer algo que trouxesse as pessoas para perto de mim, e resolvi isso sendo engraçada e corajosa, impulsiva e bem estabanada... fui crescendo e na adolescência isso só "piorou", não que tenha sido ruim, mas essa imagem só se fortaleceu... virei "A Louca", de quem se esperava tudo e qualquer coisa.... mas só isso não era suficiente, as pessoas tinha que precisar de mim... então virei a defensora de todos os meus amigos, dava colo, comprava briga e, muitas vezes, deixava meus problemas para tentar resolver os deles... não fazia isso só para tê-los por perto, mas também para tê-los por perto...
E de uns tempos para cá, essa imagem começou a me incomodar, a não me fazer bem, como uma roupa que você usa por muito tempo e de repente não lhe serve mais... mas faltava a coragem de jogar a roupa fora...
Resolvi então me voltar para dentro de mim para encontrar a coragem de ser quem eu era de verdade...
Recentemente, a palavra abandono volto a aparecer na minha vida e só então eu me dei conta que nada que eu fizer ou deixar de fazer vai prender ninguém a mim, o abandono pode acontecer a qualquer momento, por qualquer razão, ou mesmo sem razão...
Ótimo, então agora eu ia ser eu de verdade.
Como? Se, de repente, eu não sei bem quem eu sou?
Passei tanto tempo representando que não conseguia diferenciar a pessoa da persona.
E resolvi me descobrir, comecei abraçando minha própria sombra, dando de cara com o que tinha de mais escuro em mim... e descobri que julguei e condenei justamente o que me refletia....
De tanto me descascar, cheguei a pensar que quando o processo acabasse não ia ter nada... eu não era nada...
E o processo não acabou, mas tenho descoberto e me surpreendido com o que vejo... no fundo de tudo, vejo exatamente tudo o que sempre neguei... encontrei sensibilidade... uma sensibilidade que sempre combati porque confundia com fraqueza... e hoje percebo que não é...
Ainda não descobri que eu sou, mas o caminho começa a se mostrar mais leve...

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Minhas cinzas...

Falsa
Infantil
Maledicente


Sinto que algumas brasas ainda queimam sob as cinzas. Mas elas vão esfriar. E não vão mais causar dor.

A dor vai passar.
Tudo o que arde, cura.
O universo é perfeito.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Dezoito de Março de Dois Mil e Treze. Esse doeu.

Hoje a minha flor completa cinco anos de vida.
E hoje, pela primeira vez em cinco anos, não estou com ela no seu aniversário...
Não estou junto, comemorando, cantando os parabéns, dando os abraços apertados que sobraram do fim de semana em que ela esteve comigo.
Não estou junto para vê-la arregalar aqueles olhões lindos e ouvi-la me dizer: "Mãe, sabia que eu já tenho cinco anos?".
Não estou junto para admirar o vestido, a fantasia. Para vê-la, toda feliz, me mostrar os presentes que ganhou das pessoas que a amam.
Não estou junto para acompanhar a correria, a gritaria, a animação com o dia do aniversário...
Não estou junto para observar atentamente o sorriso largo, o brilho nos olhos e a alegria que se derrama por todo lugar. Alegria de quem sabe que é amada, muito amada...
Pela primeira vez em cinco anos não posso dar o beijo e dizer bem baixinho no ouvido dela o quanto a amo... tenho que me contentar com um telefonema...
Não é suficiente.
Qualquer coisa que não seja tê-la aninhada nos meus braços nunca será suficiente.
A dor é imensamente maior do que poderia imaginar...
Dói muito relembrar tudo o que aconteceu nesses cinco anos e não poder simplesmente ficar abraçadinha com ela, bem quietinha, só vivendo...
Esse foi o primeiro aniversário dela longe de mim.
E eu espero que tenha sido o último.

Não aguento mais de saudade.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Apenas ouça...

Todo mundo, uma hora ou outra sente a necessidade de desabafar, ou apenas de comentar algo que viu, que ouviu, que sentiu...
Quando eu lhe conto algo, na maioria das vezes quero apenas ser ouvida, não quero opiniões ou conselhos.
O que não lhe impede em absoluto de me dizer o que você pensa a respeito do que foi dito e como eu deveria proceder.
Mas o fato de você tão bondosamente me aconselhar, com certeza pensando no que seria melhor para mim, não me obriga a seguir suas recomendações.
Na verdade, muitas vezes eu já sei o que fazer, quero apenas desabafar, chorar minhas pitangas no seu ombro...
Quando eu preciso de ajuda, eu peço. Já aprendi a pedir.
Eu pergunto, peço sua opinião e seus conselhos.
Agora mesmo, estou apenas lhe dizendo como me sinto, sem querer saber se o que sinto é adequado ou não... mas se você quiser me dizer o que você sente, estou aberta para ouvir.
Só estou cansada de instruções.
Como hoje o legal é se expressar, ter opinião formada sobre tudo, quase ninguém é capaz de apenas ouvir...
E muitos até se ofendem quando seus sábios conselhos, que poderiam resolver todos os problemas (sim, porque todo mundo sabe resolver os problemas alheios), são injustamente ignorados.
Eu mesma me contaminei com a atual mania de ter e impor minha opinião a respeito das coisas.
Agora mesmo estou fazendo isso. Mas esta imposição é na minha esfera pessoal, na minha vida, onde eu posso e devo me impor. Mas não posso fazer isso na sua vida... nem na de ninguém.
E você não é obrigado e me ouvir, nem ler o que eu escrevo, nem a concordar comigo... e eu não vou me ofender, eu juro.
Estou me disciplinando para voltar a ouvir com toda a atenção o que você quiser me dizer, apenas ouvir...

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

É errado querer?

Um curso superior de turno integral, um trabalho, um marido, uma mãe idosa de saúde frágil e dois filhos pequenos...
... e às vezes eu não consigo me ver como uma boa aluna, profissional, esposa, filha e mãe...
...às vezes as pessoas me dizem isso, principalmente nos quesitos filha e mãe...
...às vezes eu penso que não vou aguentar, que vou ter que abrir mão de algum desses aspectos...
...às vezes, muitas vezes, as pessoas me chamam de egoísta, me acusam de querer muito...
Mas o que as pessoas não sabem (só quem vive comigo é que sabe) é que eu quero muito mais, que eu já abri e continuo abrindo mão de muita coisa, principalmente por causa (não por culpa) da minha mãe e dos meus filhos.
Não entendem que se eu não estudar, eu não vou ter um bom trabalho; se eu não tiver um bom trabalho, eu não vou poder ajudar o meu marido a sustentar a casa (depender exclusivamente dele não é opção) e dar uma vida mais confortável para minha mãe e para meus filhos.
E eu não me arrependo de nenhuma das minhas escolhas, não me arrependo do meu curso, do meu trabalho, do meu casamento (que, diga-se de passagem, é o meu refúgio), de ter minha mãe morando comigo, de ter tido os meus filhos (ainda quero mais um!)...
Eu sei que nem sempre eu faço o melhor, mas eu sempre faço o melhor que eu posso; pode não ser suficiente (nem sempre é, para muitas pessoas nunca é e nunca vai ser), mas é o meu melhor.
É pouco? Talvez... mas eu ainda sou humana, gente...

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Flores...

...ele desligou.
Ela então guardou o celular e desceu para esperá-lo.
Ele disse que chegaria logo e que ela o esperasse no lugar de sempre...mas ela não o esperou. Não hoje. Queria um lugar novo para encontrá-lo.
Então ela escolheu a pracinha florida que ficava perto dali. Uma praça linda, pontilhada de cores e perfumes, um deleite para os sentidos.
E cruel com as pernas.
A praça não tinha banco. Nem batentes, nada. Nenhum lugar para sentar ou encostar.
Ela considerou sentar no chão, afinal estava de shorts, não ia mostrar nada que não devesse. Mas desistiu. Achou que ia ficar muito estranha ali, sentada no chão, no meio da praça.
E resolveu ser estranha em pé mesmo, parada no meio da praça, fazendo nada.
Olhou o relógio, achou que ele estava demorando e pegou um livro na mochila, para se distrair enquanto ele chegava.
Era no mínimo intrigante vê-la ali, em pé, com sua camisa florida, mochila nas costas e livro nas mãos. Bem no meio da praça e das flores.
Frequentemente levantava os olhos do livro para ver se ele estava chegando.
Frequentemente fechava o livro e dava um passo em direção a rua, pois imaginava ter visto o capacete prata estilo piloto de caça.
E frequentemente dava um passo para trás e reabria o livro as constatar que se confundira, aquele capacete era azul, o outro era preto, o outro era cinza...
Até que ela o viu, o capacete prata, a jaqueta... agora era ele!
Ela desceu para a rua, colocou o próprio capacete (que ele trouxe, claro) e subiu na garupa da moto.
E foi embora, levando o sol nos olhos, o livro na mochila e as flores na camisa.