sexta-feira, 17 de maio de 2013

Peregrina de mim mesma...

Finalmente começando a sair do confinamento onde eu mesma me coloquei... precisava disso, me encarar de frente, sem máscaras, sem atenuantes... e quando me obriguei a fazer isso, não me encontrei... percebi que eu não sabia quem eu era. Quem sou eu?
Começando do começo, fui uma criança curiosa, articulada e danada, como toda criança saudável que eu conheço (minha filha é assim, graças a Deus), mas cresci ouvindo que isso e tudo o que eu era estava errado e que se eu continuasse assim, ninguém ia gostar de mim... então eu tinha que fazer algo que trouxesse as pessoas para perto de mim, e resolvi isso sendo engraçada e corajosa, impulsiva e bem estabanada... fui crescendo e na adolescência isso só "piorou", não que tenha sido ruim, mas essa imagem só se fortaleceu... virei "A Louca", de quem se esperava tudo e qualquer coisa.... mas só isso não era suficiente, as pessoas tinha que precisar de mim... então virei a defensora de todos os meus amigos, dava colo, comprava briga e, muitas vezes, deixava meus problemas para tentar resolver os deles... não fazia isso só para tê-los por perto, mas também para tê-los por perto...
E de uns tempos para cá, essa imagem começou a me incomodar, a não me fazer bem, como uma roupa que você usa por muito tempo e de repente não lhe serve mais... mas faltava a coragem de jogar a roupa fora...
Resolvi então me voltar para dentro de mim para encontrar a coragem de ser quem eu era de verdade...
Recentemente, a palavra abandono volto a aparecer na minha vida e só então eu me dei conta que nada que eu fizer ou deixar de fazer vai prender ninguém a mim, o abandono pode acontecer a qualquer momento, por qualquer razão, ou mesmo sem razão...
Ótimo, então agora eu ia ser eu de verdade.
Como? Se, de repente, eu não sei bem quem eu sou?
Passei tanto tempo representando que não conseguia diferenciar a pessoa da persona.
E resolvi me descobrir, comecei abraçando minha própria sombra, dando de cara com o que tinha de mais escuro em mim... e descobri que julguei e condenei justamente o que me refletia....
De tanto me descascar, cheguei a pensar que quando o processo acabasse não ia ter nada... eu não era nada...
E o processo não acabou, mas tenho descoberto e me surpreendido com o que vejo... no fundo de tudo, vejo exatamente tudo o que sempre neguei... encontrei sensibilidade... uma sensibilidade que sempre combati porque confundia com fraqueza... e hoje percebo que não é...
Ainda não descobri que eu sou, mas o caminho começa a se mostrar mais leve...

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